O BiodiverCidade é um fórum de discussão criado por docentes do curso de Licenciatura de Ecologia e Paisagismo da ESAViseu onde são debatidas questões de planeamento e desenvolvimento estratégico, em questões relacionadas directa ou indirectamente com o ambiente e a biodiversidade da cidade de Viseu ao nível dos recursos naturais mas também culturais.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Um Sentimento de Perda...de Memória Cultural e Educacional

No passado 21 de Novembro deparamo-nos, no parque da cidade com o cenário da queda de um majestoso exemplar de carvalho-roble. Os danos provocados foram extraordinariamente limitados face ao porte do exemplar arbóreo. Por coincidência passei pelo parque Aquilino Ribeiro, naquele fatídico dia, mas não assiti ao vivo à "desmontagem" daquele "monumento vivo". Contudo, solicitei aos serviços técnicos da autarquia que nos disponibilizassem uma secção do exemplar para podermos fazer a sua datação. Com a ajuda do colega José Manuel Costa e do aluno de Ecologia e Paisagismo, Davide Gaião, chegamos a uma primeira conclusão que este carvalho terá entre duzentos e cinquenta e trezentos anos e que neste momento estamos a tentar perceber a evolução das taxas de crescimento deste exemplar com dados da climatologia e de alterações no próprio parque, acontecimento que ficaram "registados" nos anéis de crescimento como se de um autêntico gravador se tratasse. Dendrocronologia é um método científico de estabelecer a idade de uma árvore baseado nos padrões dos anéis em seu tronco. É estabelecida de acordo com o clima das épocas, e por isso, torna-se um grande método de datação absoluto dos climas passados. As árvores, em zonas temperadas, crescem em espessura de maneira descontínua. Verifica-se, que a largura desses anéis não é constante, variando de ano para ano em cada região de acordo com a variação das condições climáticas: quanto melhores forem essas condições tanto mais largos serão os anéis anuais e, inversamente, quanto mais desfavoráveis às condições tanto mais estreitos os anéis. Em breve publicaremos os resultados e as conclusões das análises realizadas desta que constitui uma perda assinalável do património arbóreo da cidade. Não faço ideia do destino dado à madeira deste "monumento", mas não acredito que tenha sido usado de uma forma nobre onde ficasse registada a memória de um património e de uma cidade nos seus últimos 250 anos. Perdemos a oportunidade de valorizar e embelezar um espaço cultural da nossa cidade, com a colocação de uma secção deste exemplar devidamente ilustrado e datado como testemunho de uma memória... cada vez mais esquecida!